Quando lemos algo de positivo que ocorre em outro país, geralmente Europeu, os comentários da reportagem são os mesmos já no Brasil... Lá dá certo por causa de X e Y sem levarmos em consideração a história daquele lugar, muitas vezes por desconhecimento. Nos últimos anos o pequeno país do norte da Europa tem ganho uma espaço de destaque na mídia quando o assunto é educação e despertado o interesse de muitos, inclusive do nosso governo que está enviando professores da rede federal para vir estudar aqui e conhecer como funciona o sistema educacional finlandês com o intuito de melhorar a educação brasileira. Mas será que isso é possível?
Como poucos sabem a Finlândia nem sempre foi um país rico e educado, na verdade essa é uma realidade bastante recente, até alguns anos atrás a realidade educacional do país era parecida com a que temos no Brasil hoje! Antes do sucesso acontecer ela fez parte do reino da Suécia até 1808 e da Rússia (1808-1917), e passou por uma guerra civil (1917) para conquistar sua independência.
Durante a dominação sueca a língua finlandesa e a língua sueca eram divisores de classes. Em 1640 é criada a primeira universidade finlandesa na cidade de Turku, a língua acadêmica era o sueco. A língua finlandesa conseguiu sobreviver à imposição sueca graças à Igreja Luterana, que se tornou a religião oficial do reino em 1523, que julgava importante a aproximação do fiel aos textos sagrados, o que tornou importante a criação da gramática finlandesa e a tradução da bíblia à língua (Novo Testamento,1548). Nessa época foram criadas escolas luteranas para alfabetizar o povo, incluindo mulheres, e ajudou para reduzir drasticamente os números de analfabetos no país.
Em 1808 Suécia e Rússia entram em guerra pelo território finlandês, a chamada Guerra da Finlândia que acabou em 1809 com a Rússia vencedora. É durante essa época que a Finlândia começa a se desenvolver como país. Em 1812 Helsinki se transforma na capital, em 1826 a Universidade de Turku é transferida para a lá (em 1640 quando foi criada, os professores eram majoritariamente suecos, em 1808 eram apenas 8 suecos contra 27 finlandeses!) e em 1835, Kalevala, o livro nacional, é publicado. Em 1818 ocorre a Revolução Russa e os finlandeses a aproveitam para conseguir sua tão almejada independência. Mal sabiam eles que a Rússia não desistiria assim tão fácil desse pequeno país nórdico e a segunda guerra mundial foi um período de luta para seguir independente.
Após a Segunda Guerra o acesso à educação era desigual, apenas aqueles que viviam em grandes cidades tinha acesso à educação básica, em 1950 apenas 27% das crianças de 11 anos estavam frequentando a escola e dois terços dessas escolas eram privadas! O país passava também por um período de transição econômica e sabia que para conseguir reconhecimento dentro do mercado econômico e diante de outros países precisariam de uma população melhor educada. Nas duas eleições (1944 e 1948) o partido comunista era majoritário no parlamento finlandês e viam na educação uma das principais estratégias para transformar o país em uma nação socialista, sendo assim, algumas reformas foram feitas entre elas educação gratuita e igualitária para todos, independente de sua situação econômica.
Ainda assim, nos anos 60, a Finlândia ainda contava com poucas escolas e apenas 7% da população possuía algum tipo de formação superior. Preocupados, reformaram novamente o currículo escolar, no ano de 1970, o que desencadeou em três aspectos do atual sucesso educação finlandesa:
1. Alunos vindos de diferentes realidades sociais e também portadores de necessidades especiais, estudando e aprendendo juntos, ou seja, proporcionar oportunidades iguais a todos os indivíduos;
2. Orientação profissional e aconselhamento passa a fazer parte do ambiente escolar;
3. Professores trabalhando em uma única escola, aplicando diferentes métodos e criando maneiras de ensino para diferentes alunos. A profissão passa a ser vista com prestígio.
A partir desse momento o papel da educação pública tem como objetivo principal educar cidadãos críticos e que consigam pensar por si mesmos. Segundo Pasi Sahlberg (2011), a chave de seu sucesso foi não ter se infectado pelas políticas de competição no mercado laboral e resolução de provas/testes.
40 anos depois a Finlândia é um dos países mais bem educados do mundo, no qual 85% da população entre 25-64 anos possui ensino médio completo, surpreendendo a todos pela rapidez com a qual passou de um país pobre e analfabeto para uma potência educacional.
Se quiser saber mais sobre a história da Finlândia e o desenvolvimento da educação nesse país eu sugiro esses dois livros (que foi o que usei para escrever o texto!):
-Finnish Lessons, escrito por Pasi Sahlberg e lançado pela editora da Columbia University e faz parte da coleção School Reform
-Gracias, Finlandia, escrito por Xavier Melgarejo e lançado pela editora Plataforma
Ainda assim, nos anos 60, a Finlândia ainda contava com poucas escolas e apenas 7% da população possuía algum tipo de formação superior. Preocupados, reformaram novamente o currículo escolar, no ano de 1970, o que desencadeou em três aspectos do atual sucesso educação finlandesa:
1. Alunos vindos de diferentes realidades sociais e também portadores de necessidades especiais, estudando e aprendendo juntos, ou seja, proporcionar oportunidades iguais a todos os indivíduos;
2. Orientação profissional e aconselhamento passa a fazer parte do ambiente escolar;
3. Professores trabalhando em uma única escola, aplicando diferentes métodos e criando maneiras de ensino para diferentes alunos. A profissão passa a ser vista com prestígio.
A partir desse momento o papel da educação pública tem como objetivo principal educar cidadãos críticos e que consigam pensar por si mesmos. Segundo Pasi Sahlberg (2011), a chave de seu sucesso foi não ter se infectado pelas políticas de competição no mercado laboral e resolução de provas/testes.
40 anos depois a Finlândia é um dos países mais bem educados do mundo, no qual 85% da população entre 25-64 anos possui ensino médio completo, surpreendendo a todos pela rapidez com a qual passou de um país pobre e analfabeto para uma potência educacional.
Se quiser saber mais sobre a história da Finlândia e o desenvolvimento da educação nesse país eu sugiro esses dois livros (que foi o que usei para escrever o texto!):
-Finnish Lessons, escrito por Pasi Sahlberg e lançado pela editora da Columbia University e faz parte da coleção School Reform
-Gracias, Finlandia, escrito por Xavier Melgarejo e lançado pela editora Plataforma