Mochila nas costas rumo a São Petersburgo (Rússia)

Eu e meus filhos em russo <3

Foi durante o ensino médio que eu ganhei uma camiseta do Hard Rock Café Moscow e decidi que gostaria de conhecer a Rússia. Foi durante esse tempo que eu aprendi sobre Lenin, Stalin e a União Soviética, a divisão do mundo e o comunismo. Ir à Rússia deixou de ser um gosto para ser um sonho, daqueles que você julga ser impossível. Aproveitei e fiz diversas viagens a esse país tão longínquo e exótico enquanto lia Dostoevsky, Tolstoi e Tchekhov. A cada página me apaixonava mais e sem pestanejar troquei Moscow por São Petersburgo.

Em janeiro de 2013 embarquei em um mini avião com mais 29 pessoas, além da comissária de bordo para realizar meu sonho. O frio, que chegava aos 40 graus negativos, não fez com que eu me arrependesse de estar ali. A cada passo um suspiro.  Em outubro de 2015 voltei à Rússia e posso te dizer uma coisa: se planeja fazer essa viagem não vá no inverno! O outono é mais agradável, além de ter um charme único!
A emoção da viagem começa cedo: na fronteira. Policiais com caras de mau, alguns até com seus cachorros, pedem seu passaporte (brasileiros não precisam de visto!) e para você preencher um formulário dizendo quantos dias vai ficar, em que cidade vai passar e onde vai dormir. Esse formulário deve ficar com você todo o tempo no caso de algum policial te parar na rua (e a rua está repleta de policiamento!).
A cidade, fundada em 1703 pelo czar Pedro, já foi chamada de Petrogrado e Leningrado, e é uma das primeiras cidades planejadas do mundo, seus edifícios mantêm todos os mesmo estilo arquitetônico - o que faz com que você se sinta em um cenário cinematográfico. Para conhecê-la é preciso no mínimo quatro dias e muita disposição.
Na Rússia tudo é suntuoso e cheio de detalhe, deixa transparecer riqueza e poder (de poucos, óbvio). Um desses exemplos é o Museu do Hermitage, um dos maiores museus do mundo com um acervo de mais de três milhões de peças! Mesmo que você não se interesse por museus irá se apaixonar por esse! As paredes, o teto, as portas, os lustres, as colunas, o piso e, claro, seu acervo são maravilhosos. Enquanto eu andava e observava todos os móveis da época dos czares tive um dèja-vu, em alguma vida passada eu fui rainha, imperatriz ou czarina (sempre as poderosas)!

Eu e mamis em frente ao Hermitage

Você pode até rir e pensar "ah, ela viu um palacete e já se sentiu rainha" e eu vou te dizer que não, eu vi dois palacetes! O Palácio de Peterhof, que fica na cidade de Peterhof, era a casa de veraneio do czar Pedro e fica na beira do Golfo da Finlândia. É considerado patrimônio mundial pela UNESCO, assim como a parte histórica de São Petersburgo. O lugar é maravilhoso, pena que não deixam fotografar, e, acredito, que fazer um picnic em seu jardim durante o verão deva ser incrível (acho que quero ir no verão para ter certeza...). Para chegar é possível pegar um ônibus que custa 45 rbl. Andar de ônibus ou metrô na Rússia é entender porque brincamos que Curitiba é a Rússia brasileira, na verdade o Brasil é uma pequena Rússia: uma bagunça. 

Peterhof (arquivo pessoal)

Quando falo Rússia a primeira coisa que vêm a mente de todos é a Catedral do Sangue Derramado, outra obra de arte de deixar até o mais leigo de boca aberta. Por fora, arquitetura de igreja ortodoxa por dentro uma composição de mosaicos. É inesquecível. Ela foi construída às margens do canal Griboedov, lugar em que o czar Alexandre II foi assassinado, com dinheiro de doações! Nunca foi utilizada como igreja e durante a segunda guerra foi depósito de batatas. Cada cantinho conta uma parte da história e eu poderia escrever um livro apenas sobre ela. 

Interior da Catedral (arquivo pessoal)

Eu na fachada da Catedral

Outro programa imperdível é assistir a um ballet. Eu tive o prazer, a honra e a sorte de assistir Cinderela e Sylvia no Teatro Mariinsky. Sentada no camarote me senti Anna Karenina, relembrei do Vronsky enquanto caminhava entre um ato e outro, me senti um dos personagens dos livros que tanto amo! O Teatro foi construído em 1783 e possui uma agenda repleta de ballets e óperas. 

Eu me sentindo Karenina

São Petersburgo possui outras catedrais, outros palácios e outros museus. É só caminhar pela cidade que você encontra muitas e muitas opções. Fui ao museu da vodka e também visitei Dostoievsky no cemitério. Jantei strogonoff e panquecas, comi maionese. É uma cidade que pede caminhadas, que exige que você sinta seu cheiro e seu ritmo, que você se perca para encontrá-la. Que olhe para todos aqueles canais, pontes e edifícios e se deixe consumir. É um lugar que te deixa com vontade de quero mais! Ah, aprender a ler o alfabeto cirílico é uma diversão a mais!