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quinta-feira, 10 de março de 2016

O preço da (falta de) pontualidade

No Brasil uma bomba atrás da outra. O efeito dominó vai fazendo com que todas as pecinhas caiam, o primeiro derruba o segundo, o segundo derruba o terceiro e assim vai... É a melhor representação daquela famosa frase eu caio, mas você vai junto. Aqui só ouço falar dos refugiados chegando e da União Européia mandando-os à Turquia. Temos também o vírus Zika e os bebês com microcefalia. Além, claro, de uma ou outra notícia sobre o Big Brother Brasil que ninguém assiste, mas todos sabem o que está acontecendo.

Eu juro que eu tento ler e acompanhar tudo, me posicionar e pesquisar mais sobre os assuntos que mais me chamam a atenção. As vezes até tento criar planos para melhorar o cenário atual, apenas para me sentir bem em saber que estou deixando - tentando deixar- algo em ordem. Mas a verdade é que eu não consigo nem organizar minha vida, quem dirá o mundo.

Acredito que não seja novidade nem surpresa para você, mas eu sou uma pessoa que está sempre atrasada. Não ajo por maldade, nem por relaxo, eu sou apenas devagar demais. Amo fazer tudo com calma para ter certeza de que o resultado será perfeito. Se acordo com pouco tempo, pulo o café da manhã. Estou sempre cuidando do relógio para chegar aos locais no horário estipulado. Pena que não foi o que aconteceu na minha útima viagem ao norte do país.
Viajava sozinha, e precisaria trocar de trem em uma estação que fica próxima a que eu geralmente vou. O primeiro trem sairia às três e vinte e o segundo, às três e quarenta e cinco. Já sabe o que aconteceu, não é? Exatamente! Eu confundi os horários. Não precisa ficar me dizendo que eu deveria ter olhado a passagem com mais atenção, agora é tarde. Eu saí de casa com tempo, mas estava tão feliz por estar indo viajar que fui andando até a estacão exatamente igual ao Bob andava de bicicleta em seu desenho animado: admirando tudo. E o que aconteceu? Cheguei a tempo de ver meu trem indo embora! E foi assim que eu percebi a confusão numérica que havia feito!



Corri enlouquecidamente até o outro lado da estação, sobe e desce escada, para entrar no trem que estava ali parado. Sentei, fiz a respiracão que aprendi na yoga para acalmar o coração e esperei. Esperei e o trem não saia. Respirei mais uma vez, levantei e voltei a correr. Subi e desci escada, atravessei a estação inteira novamente e entrei no primeiro táxi que encontrei. Eu estava tranquila, sabia que no final chegaria a Oulu, mas meu rosto estava mostrando desespero. Assim que falei que queria ir para a estação de Tikkurila o taxista me pergunta estamos com pressa? Sim, amigo, estamos com muita pressa, temos exatos quinze minutos para chegar lá!
O que se seguiu foi um taxista mais preocupado que eu, correndo para que eu não perdesse o trem. Uns cinco minutos antes de chegarmos ao meu destino ele já havia desligado o taxímetro e eu já havia pago a corrida. Assim que chegamos constatamos que o previsível havia acontecido, eu não pegaria aquele trem.

Nesses momentos muitos chorariam ou se amaldiçoariam. Falariam os piores palavrões que conhecem, desistiriam da viagem e voltariam para casa se sentindo o fracasso na Terra. Muitos, menos eu. Sou brasileira e não desisto nunca, mesmo fazendo tanta merda.
O próximo trem sairia em vinte minutos e como eu já estava na estação as chances de eu perdê-lo eram quase nulas. Fui comprar uma nova passagem no auto-atendimento e a máquina me respondia em finlandês, não estava conseguindo comprar e não entendia o motivo. Sorte que encontrei uma funcionária, e junto com ela tentamos comprar, sem sucesso, minha passagem. Segundos depois chegou um segundo funcionário e eu já estava me sentindo aqueles velhinhos no caixa automático do banco. Eu e mais dois funcionários em frente a uma máquina. Que cena!
A máquina e o tempo estavam contra mim, ninguém entendia porque não era possível comprar uma passagem. Acredito que o sistema estava me dizendo você já conseguiu perder dois trem em um único dia, desiste que não queremos você andando de trem. Então, fomos - eu e os dois funcionários, até a loja da empresa de trens. A cena que já era péssima ficou pior, a jovem acompanhada de dois funcionários caminhando pela estação. Espere que tem mais! O rapaz entrou comigo e tirou a senha, ficou ao meu lado até me chamarem e então, se juntou a moça e ali permaneceram, parados esperando eu contar as boas novas tenho uma passagem e meu trem sai em dez minutos!
Andamos, os três, a passos largos até minha plataforma. Enquanto eu entrava no trem eles sorriam, missão solidária do dia feita! Eles ajudaram uma perdida a pegar um trem! Eu sentei e comecei a rir, não disse que no final tudo dá certo? E você pode parar com esse julgamento que eu sei que você vai concordar comigo que a vida vivida com fortes emocões é muito mais divertida!
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