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quarta-feira, 15 de julho de 2015

De frente com Gabi: um livro de cabeceira e um documentário para os dias frios

Você sabe quem disse que uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo? Não, não fui eu. Nem o líder do sindicato dos professores, muito menos a presidente Dilma. Foi uma paquistanesa que quando tinha 15 anos foi baleada pelo grupo Talibã, chamada Malala Yousafzai.
No natal de 2013 o Papai Noel me presenteou com sua biografia, um livro chamado "Eu sou Malala" publicado pela Companhia das Letras. Quando fiz a cartinha não sabia muito bem quem era Malala, coloquei no topo da minha lista de pedidos porque era a história de uma mulher que desafiou o Talibã, e mulheres fortes merecem meu respeito e admiração. E que grata surpresa abrir o livro e me envolver completamente com essa história, quando chegava às últimas linhas já amava Malala... conforme o livro terminava Malala ganhava uma nova fã.
O livro começa pelo final: a garota será baleada dentro do ônibus escolar que a levava para casa. Mas isso não é motivo para abandonar a leitura. Christina Lamb, a jornalista que escreveu o livro junto com Malala, te convida a viajar ao Paquistão e a descobrir a história do país (vocês sabiam que o Paquistão era Índia até 1933? Criaram esse pequeno país para que os muçulmanos que viviam no noroeste da Índia tivessem um lugar para professar sua fé sem medo dos hindus. É incrível, mas os hindus são violentos quando o assunto é proteger sua religião!) e as belezas naturais que se escondem por lá (depois de terminar a leitura fiquei com muita vontade de visitar o país, vi diversas fotos no Google e passeei pelas ruas da cidade de Mingora com o Google Earth, só não encontrei alguém disposto a me acompanhar!). Juntas elas desmitificam a religião muçulmana e mostram os perigos dos fundamentalista religiosos tomando o poder, você sofre junto com os personagens que vão aparecendo ao decorrer da narrativa e é tomado por uma vontade de se juntar a luta para mudar a realidade das mulheres que tem o azar de nascerem em um país dominado por fundamentalistas muçulmanos. 
O pai de Malala sempre a incentivou a estudar e mesmo quando o Talibã disse que meninas não podiam mais frequentar a escola, ele a incentivou a seguir estudando. E foi o que ela fez, junto com algumas meninas corajosas seguiam o caminho da escola diariamente. O Talibã bombardeia escolas, faz ameaças de morte a quem não obedecê-los mas nada as detêm, pois como ela mesmo diz há um momento em que você tem que escolher entre ficar em silêncio ou levantar-se. E é aí que ela é baleada. Mas a bala não a mata, a bala a renasce mais forte e mais determinada a lutar para que meninas ao redor do mundo possam estar no lugar que elas devem estar: na sala de aula. 
A história e a determinação de Malala revelou ao mundo um problema que durante muito tempo foi ignorado: 66 milhões de meninas estão fora das escolas. E tantos outros milhões lutam todos os dias para permanecerem dentro delas. É este o cenário do documentário Girl Rising. Nove meninas de nove países diferentes protagonizam suas próprias histórias em busca de oportunidades de estudar. Se Malala não conseguiu te convencer que a educação muda o mundo quem sabe este documentário consiga.
Cada uma das meninas tem uma história diferente para te contar. Em sua maioria são histórias que você não consegue acreditar que sejam verdade, que você deseja acreditar que são falsas. É impossível não se emocionar com a determinação da pequena Wadley que mesmo vivendo no que restou do Haiti após os terremotos quer seguir estudando e com a luta dos pais da Ruksana (Índia) para que ela e suas irmãs estudem. Afinal, meninas instruídas serão mães mais tarde (vocês sabiam que o parto é a maior causa mortis de adolescentes? São 70 mil mortes por ano! Meninas que engravidam antes dos 15 anos possuem cinco vezes mais probabilidade de morrerem durante o parto que meninas de 20), terão menos filhos e contrairão matrimônio quando forem mais velhas (todos os anos 15 milhões de meninas são casadas antes de completarem 18 anos, muitas dessas noivas tem entre 9 e 12 anos!). Garanto que você irá chorar ao ouvir a história da Amina, uma menina escondida atrás de uma burca no Afeganistão e da super heroína Yasmin no Egito. Esse documentário é lindo e faz parte da lista de filmes que o único que você pode dizer é: assista! Porque por mais que você se esforce não conseguirá transmitir sua essência.
Os benefícios de educarmos as nossas meninas não se concentram apenas na questão casamento/filhos. Meninas instruídas estão menos propensas a contrair HIV, a sofrer violência doméstica (e permanecer na relação) e ganharão 20% mais quando chegarem a fase adulta. Você está esperando o que para ler o livro Eu sou Malala e a assistir ao documentário Girl Rising?  Corre, que em outubro será lançado um filme sobre Malala He Named me Malala!

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