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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

De frente com Gabi: Namoro com o gringo

Pouco antes de eu sair do Brasil a Eliana, aquela mesma dos dedinhos e do saudoso Melocotón, criou um bloco maravilhoso em seu programa chamado Namoro com o Gringo. A ideia era brigar para saber quem ganharia o coração do Christian. Afinal, tem algo mais chique que namorar alguém que fale um português enrolado?
Relacionar-se com alguém de outro país é algo com que muita gente já sonhou. Filhos com nomes estrangeiros, dois passaportes, viagens ao exterior... gringo é sinônimo de riqueza, né? Alguém já viu estrangeiro pobre?

Desculpe, mas caso você tenha se inscrito para participar do quadro da Eliana ou do Luciano Hulk imaginando viver uma vida cheia de glamour bebendo champagne na França preciso te contar que não é bem assim que os relacionamentos inter-culturais funcionam!
Começarei com uma história triste (e real!). O Fabrício tem alma cigana, saiu do Brasil e foi vivendo um pouco em cada lugar até que se apaixonou por um alemão, anos mais velho, que cresceu do lado oriental do muro de Belim. Consegue imaginar a visão de mundo que ele tinha? Era uma pessoa fechada, introspectiva e de pouca socialização, o Fabi é reclamão, mas adora festa, amigos... O amor não conseguiu vencer o muro que os separava culturalmente.
Com meus quatro anos de experiência (estou me graduando!) percebo que jamais conseguiremos quebrar este muro, mas com esforço de ambas as partes é possível se equilibrar nele! Como bem me lembrou a Ana, decidir estar com alguém que está longe requer que uma das partes abra mão de sua família, amigos e país, e essa tarefa não é nada fácil. Você precisa que o outro te ajude a se adaptar, te apoie, te entenda e faça com que você sinta que também faz parte daquela nova cultura. É preciso que a relação seja madura e que os dois estejam dispostos a se colocar no lugar do outro. Um exemplo simples é o que acontece na casa da Ana, casada com um finlandês, ela gosta de marcar almoços com amigos brasileiros para poder falar alto (e em português!) e dar risada, algo que não é comum à cultura do marido que consiste em família pequena e encontros mais silenciosos (o Timo tem alma brasileira, igual ao Mikko! Adora estar entre a bagunça).
Infelizmente, li alguns relatos no Facebook de meninas que sofriam em relações abusivas e acreditavam que era apenas uma diferença entre as culturas. Ciúmes excessivo, ofensas verbais e violência psicológica e/ou física não são diferenças culturais, e mesmo que fossem, ninguém deve permanecer em uma relação que não traz felicidade.
Confesso que ao se relacionar com alguém que não fala sua língua e não entende suas piadas há momentos sensacionais que não ocorrem quando a relação é entre pessoas da mesma nacionalidade. O Thiago, carioca que movido pelo amor à uma finlandesa aprendeu inglês em três meses, ri ao lembrar do dia em que a Julia provou farofa pela primeira vez durante uma viagem ao Brasil. Para ela farofa era igual a areia e não entedia o porquê das pessoas comerem areia todos os dias! Bem, ela provou disse que gostou mas que comerá novamente dentro de dez anos. Já minhas lembranças mais divertidas são relacionadas com a língua, como no dia em que mandei uma mensagem de texto marcando um ponto de encontro e a responta que me chega é "tonta".  Só depois, quando nos encontramos pessoalmente, é que descobri que tonta era então tá que quando falado rapidinho soa como tonta!
Vencer a competição do programa é fácil, difícil é se equilibrar no muro vencendo a barreira linguística, a diferença cultural e a distância, além de todos os outros problemas que um relacionamento pode ter. Mas como escreveu Fernando Pessoa tudo vale a pena quando a alma não é pequena.


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