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quinta-feira, 15 de outubro de 2015

De frente com Gabi: Profissão ensinar

Desde a infância, quantos professores passaram pela tua vida? Quantos ainda passarão? Com certeza algum deve ter deixado uma marquinha especial. Eu lembro com um carinho imenso uma que tive durante a Educação Infantil, Márcia, professora de inglês. E também um professor de matemática durante o Ensino Médio, Luiz Humberto.
Não consigo me lembrar o porquê do meu amor pela Márcia, mas do Luiz sim! Ele sempre sorria enquanto nos ensinava a calcular os ângulos imaginários de uma piscina, sempre dizia que éramos capazes e um dia disse que iria nos abandonar e, acredite, foi isso que o tornou tão especial para mim. Ao trocar suas alunas de colégio particular por alunos do ensino rural, disse que nós receberíamos um professor tão bom ou até melhor que ele, já os alunos do campo, talvez não tivessem a mesma sorte. Eles precisavam do nosso professor. E, depois te ter passado um ano lecionando na rede particular, me lembrei de suas palavras e as chamei de minhas.
Ser professor é um ato político, um ato de coragem. Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da educação, afirmou em uma entrevista (disponível aqui) que em um futuro próximo haverá falta de professores no mercado.
A verdade é que já sofremos com isso, 32% dos educadores do Brasil não possuem ensino superior. Mas, por quê? A resposta é simples, a profissão de professor não é prestigiada. Em muitas cidades o salário está abaixo da média, as salas de aula super lotadas e o professor sobrecarregado. Quando resolvem reivindicar seus direitos, através de greves, são hostilizados por pais e comunidade, e ignorados pelo Estado. 
Com uma busca rápida no Google é possível encontrar mais de 2 milhões de resultados diferentes afirmando que a educação muda o mundo, que é através do professor que isso ocorrerá (Malala Youseff), que ela é a arma mais poderosa (Nelson Mandela) e que através dela as pessoas são transformadas (Paulo Freire). Então, não deveria ser essa a profissão mais valorizada no mercado? É comum ler sobre professores desmotivados e frustrados que abandonam a carreira por não suportarem o peso de tanto descaso, quando o que deveríamos ver era o lado positivo desse ofício.
Dia 15 de outubro é comemorado o dia do professor no Brasil, e que esse dia não seja apenas de troca de presentes, mas de reflexão. Que seja uma data para relembrar o porquê vale a pena seguir lutando pela educação!

Questionei alguns professores sobre o porquê escolheram essa profissão, se havia algum momento marcante e se recordavam com carinho algum mestre. As respostas você confere abaixo! Deixe também alguma experiência tua alí nos comentários, eu gostaria muito de saber também a tua resposta!


Debora Fernandes, professora do Ensino Fundamental I há oito anos.
Decidiu seguir essa carreira porque era apaixonada pela sua professora da quarta série (atual quinto ano). A Maria de Lourdes, como se chamava a professora, era carismática, nos ensinava com muito empenho! Sua letra era tão linda - por causa dela (letra) que resolvi cursar Letras Português - e ela encapava todos os meus cadernos! Sempre que chega o dia dos professores lembro dela.

Marcia Araujo, professora de Educação Infantil, teve como exemplo a sua irmã mais velha fui com minha irmã à APAE, onde ela trabalhava, e vi uma menina surda dando uma flor e um beijo em minha irmã. Então pensei: quero ganhar flores e beijos também, acho que só sendo professora. E foi assim que tudo começou, na APAE mesmo. Hoje a Marcia trabalha com a turma do Pré e continua ganhando muitas flores e chocolates, o sonho se tornou realidade!


Danielle Duarte, professora de inglês há cinco anos, disse que a parte mais marcante em ser professor é quando, estando triste, recebe um abraço e um I love you dos alunos, quando eles a agradecem por tê-los ajudado e ter se importado com eles, é quando confiam nela e a vêem como uma mãe pedindo abraços e conselhos.

Jociana Bill, professora de espanhol há cinco anos, os momentos em que pensa é por isso que escolhi ser professora são inúmeros, toda vez que alguém lembra algo que falei em sala, toda vez que os alunos participam das atividades propostas, toda vez que contam alguma experiência que tiveram e que tinha a ver com algo que eu disse. Ou sempre que pude ajudar de alguma maneira... O último momento que me marcou foi um aluno meu do sexto ano. Trabalho em uma escola que atende alunos muito carentes. E não tem muito tempo que aprendi a maneira certa de ensiná-los e também aprender com eles. Esse aluno tem, também, vário problemas psicológicos... Hoje em dia converso bastante com ele, sempre faço ele olhar nos olhos, etc. Semana passada ele me chamou para me entregar um coração. Grande, vermelho, pintado por ele e escrito para minha professora Jociana. Através desses pequenos gestos eu entendo que ser professora não é só repassar conteúdos. É muito mais que isso. É dar e gerar esperança onde já não existe mais...

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