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terça-feira, 28 de julho de 2015

Mochila nas costas rumo à Veneza - parte 1

Cena do filme O Turista
Manuel Carlos fez com que milhares de brasileiros sentissem vontade de visitar a cidade ao escrever a novela "Por Amor". Veneza também já foi cenário de filmes como O Mercador de Veneza, O turista (com a Jolie e o Depp <3) e 007 -Cassino Royale. Segundo revistas de viagem é um dos destinos mais românticos da face da terra.
Quando planejamos nossa viagem por terra não tivemos coragem de fazer um caminho que não incluísse a cidade. Era o lugar que eu mais estava ansiosa para chegar e por esse motivo reservamos quatro dias completos na cidade, não queríamos ter falta de tempo para explorá-la por completo! 

Veneza foi o início da aventura e que começo! Compramos nossas passagens com antecedência, sairíamos de Gênova em um trem que nos levaria a Milão, teríamos aproximadamente 15 minutos para trocar de trem rumo a Veneza. Como escrevemos no site da Trenitalia "Genova to Venice" e eles nos venderam as passagens com essa conexão ficamos tranquilos. Quanta ingenuidade! A estação ferroviária de Gênova é horrível, com falta de placas e excesso de escadas (subir e descer escadas com uma mala de 32kg não é fácil!), estávamos cansados e um tanto estressados quando subimos no trem que saiu com 20 minutos de atrasso. Chegando em Milão tivemos a sorte de ver nosso trem para Veneza indo embora da estação justo quando chegávamos perto da plataforma! Conversei com um funcionário da companhia (que quase não falava inglês e nós nos entendemos comigo falando espanhol e ele italiano) que me garantiu que poderíamos embarcar no próximo trem, que sairia dali uma hora e meia, sem problema algum. Nos sentamos em frente ao painel que informa os horário de partida e as respectivas plataformas durante uma hora e vinte e cinco minutos. Sim, cinco minutos antes do trem partir eles anunciaram em qual plataforma deveríamos ir! E óbvio que o fiscal do trem disse que nós não iríamos embarcar naquele trem ao menos que comprássemos uma nova passagem, já que perdemos o nosso trem por culpa nossa! Eu, que de barata não tenho nada, comecei a gritar com o fiscal igual a uma louca, mostrei que quando quero posso ser absolutamente nada educada e deixei bem claro que eu iria entrar naquele trem com a passagem do trem perdido e que não pagaria nem um centavo por isso e ainda escreveria uma reclamação no site pela péssima organização da empresa. Deu certo, ele me respondeu qualquer coisa em italiano e nos mandou entrar no trem. Fazia apenas 12h que estavámos na Itália e a impressão que formávamos era a pior possível, Veneza tinha um trabalhão pela frente!
Chegamos na cidade perto da meia noite e fomos caminhando a procura de um lugar para dormir (não, não tínhamos reservado hostel!), apesar da hora tardia a cidade fervia. Restaurantes cheios, pessoas caminhando pela rua e a feirinha central ainda funcionava! Quase todos os hotéis traziam a placa de "não há vagas" e já nos preparávamos para dormir na praça quando encontramos uma cama! O hotel se parecia mais a uma casa de família que propriamente a um hotel e ficamos surpresos ao descobrir que o preço incluia café da manhã (aqui na Europa é comum o café da manhã não estar incluso). Descobrimos que realmente estávamos em uma casa, e que os donos, um casal judeu, moravam no terreno de trás e haviam transformado a casa da família em hostel.
Pre Wedding em Veneza
O primeiro dia começou com um Free Walking Tour, uma caminhada de 2h30 pelos principais pontos da cidade com uma guia contando curiosidades e falando sobre a história do local, tudo isso de graça! No final do passeio você ajuda com o que quer/pode. Esse estilo de passeio guiado está bastante na moda pela Europa e é comum encontrar diferentes empresas oferecendo tours de graça.
Veneza parece cidade cenográfica, você não consegue acreditar que realmente seja uma cidade. É tudo antigo com ruas estreitas e confusas e mais de 400 canais repletos de barcos e gondolas. Você caminha procurando as câmeras, se sentindo em meio a gravação de algum filme. Mágico. Acredito que ganhe o título de cidade romântica devido ao grande número de casais asiáticos que escolhem Veneza como cenário para seus books de casamento.
As ilhas de Veneza, que são 117, foram construídas no século 9 (entre os anos 801 e 900!) e foram tão bem pensadas que cada uma das praças que vemos hoje antes eram plantações e local para a criação de animais. A cidade é repleta de uma grandes "caixas" de cimento e próximo a elas há uma torneira. Essas caixas armazenam a água da chuva e possuem um sistema que a deixa própria para o consumo! Você pode tomar a água das torneiras também, uma delícia! 
Torneira e caixa d'água na praca que um dia foi horta!
Como várias cidades da Europa, Veneza também possui seu Ghetto, na verdade Veneza possui o primeiro da história e inclusive a palavra que se utiliza em toda a Europa para designar bairro judeu é a italiana Ghetto. Em 1516 os judeus foram obrigados a viverem todos nesta ilha, acredita-se que ali viviam aproximadamente 5 mil pessoas, durante a noite as três pontes, que ligavam o ghetto às demais ilhas, eram erguidas e os judeus ficavam presos ali até o amanhecer do dia seguinte. Foi Napoleão, em 1797 quem proibiu que as pontes se erguessem e "libertou" o povo judeu. O fundo da foto em que o Mikko está bebendo água é um memorial ao holocausto criado pelo artista Arbit Blatas.
No coração do ghetto está o Banco Rosso, um dos primeiros bancos do mundo. Os judeus foram proibidos de exercer diversas profissões durante os séculos passados e o único meio que tinham de ganhar dinheiro era emprestando dinheiro por meio de penhoras! Sabe a expressão "estar no vermelho"? Acreditam que veio da ação de estar com seus bens penhorados no Banco Rosso (rosso é vermelho em italiano!). Legal né? Nesse Ghetto há cinco sinagogas, três delas disfarçadas em prédios! Quando forem procurem. Dica: as janelas são diferentes.


Veneza está cheia de histórias e a de hoje termina por aqui. Logo mais volto para contar como foi o restinho da viagem e deixar vocês com gostinho de "quero ir também!".
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