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terça-feira, 9 de junho de 2015

Não é uma escolha, é uma circunstância


Dia doze de junho é dia de Santo Antônio, um cara que não sei bem o que fez quando era vivo mas acredito que não deve ter sido muito legal, afinal, todos os anos milhares de solteiros o afogam em um copo com água na esperança de que ele traga um amor (um amor decente, façaofavor, ou vai continuar de ponta cabeça!), quem sabe ele até que era gente boa mas preguiçoso... e é dia também de celebrar o amor!
É dia de comprar um presente (eu e o Mikko não trocamos presente nesse dia porque eu odeio comprar presente sob pressão, acho que presente é legal de dar quando você vê uma coisinha e lembra do outro, chega em casa com o embrulho e diz "olha, lembrei de você!". Aprendi isso com minha mãe, algumas noites chegava em casa e ela toda sorriso dizia "tem presente pra você na geladeira!" e quando eu abria tinha um bombom de morango, as vezes era salgadinho - Pingo D'Ouro -, outras era uma roupinha, um mimo qualquer que fazia toda a diferença! Presente para ser legal não precisa ser caro, precisa vir do coração - esse ano eu ganhei um presente de aniversário cheio de amor e escreverei sobre ele depois!), de colocar uma foto bonita no Facebook com uma declaração de amor e fazer uma montagem do presente com o jantar romântico. E mesmo achando algumas dessas coisas a cara da breguisse acho o amor o sentimento mais incrível do mundo! Tem amor de mãe, de pai, de avós, de família (lembre-se que há uma diferença entre família e parente! Família a gente ama, parente a gente aguenta haha), de amigo... Tem amor que dura uma vida e tem amor que dura segundos mas é lembrado para sempre, tem o amor de namorado e também de casado. Mas o que eu quero falar hoje é sobre o amor ao desconhecido. Como muitos sabem estou vivendo do outro lado do mundo, quase caindo para fora do mapa múndi, no norte da Finlândia, e aqui eu vejo muitos imigrantes, mas eles não são como eu, eles não estão aqui porque querem e sim porque precisam. Eles fugiram de seus países e vieram virar picolé, fugiram de um problema e encontraram outro: a intolerância. São aqueles que mesmo sem falar a língua rouba trabalhos, que vivem às custas das milhares de assistências sociais do país, que estão atrapalhando o excelente desempenho escolar finlandês nas provas internacionais, que trouxeram o crime, a malandragem e a pobreza. São um problema que precisa ser resolvido e rápido! Aqui não é a casa da mãe Joana. 
Eu quando cheguei me assustei, não porque eles sofrem discriminação por aqui, mas porque o cenário é exatamente igual ao que eu via no meu país, no meu Brasil o país acolhedor, que está sempre pronto para receber o imigrante de braços abertos! Sabem aquela música do Cidade Negra em que eles cantam "você não sabe o quanto eu caminhei para chegar até aqui..." ? Então, é exatamente isso, você e nem ninguém sabem porque ele/a fugiu de seu país. Não sabem o que foi deixado para trás e o que ficou, para sempre, marcado em suas memórias e corações. Eu levarei para sempre comigo a cena que vivi em Varsóvia, jamais poderei me esquecer daqueles enormes olhos azuis naquele rosto sujo de menina que me olhavam e em um língua que eu não entendia mas que me pedia dinheiro, me pedia comida. Ela não era a única, por todos os lados eu vi crianças descalças, abatidas e provavelmente famintas, todas imigrantes, todas fugidas de um país vizinho que sofre de fome. Vendo esse vídeo meus olhos ficaram marejados, mesmo com tanto preconceito eles se sentem agradecidos por terem um novo lugar para chamar de casa  e meus pensamentos voaram até o Celin, lembrei do trabalho maravilhoso que fazem com os refugiados (aulas gratuidas de português) e que eu mesma cheguei a recomendar para vários que tive a oportunidade de encontrar no caminho. Espero que nesse dia doze de junho você pense em todas as pessoas que fugiram de suas casas para poderem seguir com vida e troque todas suas pedras por amor, você não precisa sair procurando alguém para abraçar e beijar, segurar nas mãos e rodar, só comece a vê-las como pessoas que assim como você possuem problemas e acima de tudo, sentimentos! Certifique-se que está fazendo o que pode para que elas parem de chamar o Brasil de nova casa e passem a chamá-lo de lar!

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